
Ogum
Filho de Yemanjá ou Oduá com Oxalá.Está ligado ao mistério das árvores, consequentemente à Oxalá. Seu "assento" está ao pé de um Igí-uyeuè (cajazeira) no Brasil, onde um adàn, akòko ou Àràbà na Nigéria e no Daomé, e rodeado por uma cerca de peregun. Podendo também ficar ao pé do Igí-òpé cujo tronco simboliza a matéria individualizada dos funfun (orixás do branco, particularmente Oxalá), que as folhas brotadas sobre os ramos ou troncos, simbolizam descendentes e que o màrìwò é a representação mais simbólica de Ogún.
Ogún data de tempos proto-históricos, é pré-histórico, violento e pioneiro; suas armas são primeiro de pedra, depois o ferro. Sua primogenitora converte-o em quase irmão gêmeo de Exú.
Deus da guerra, imagem arquetípica do soldado, Ogún é também o deus do ferro, da metalurgia. Do ferreiro ao cirurgião, todos os que utilizam instrumentos de ferro (e o aço por consequencia) em seu trabalho: agricultores, caçadores, açougueiro, barbeiros, marceneiros, carpinteiros, escultores e outros que juntaram-se ao grupo desde o início do século, mecânicos e motoristas; rendem homenagem à Ogún. Nesse sentido ele é o arquétipo da conquista da civilização humana, consolidada na idade do ferro. Orixá de personalidade violenta, obstinada, constante, viril, disciplinada, quando não rígida.
Akóro Ko l'axo Akóro não tem roupas
Màrìwò l'axo Ogún o! Màrìwò veste Ogún
Màrìwò Màrìwò
Na sua estreita relação, com a natureza humana, na qual é o regente dos "caminhos" no seu sentido de trabalho, oportunidades profissionais, e ao mesmo tempo "guardião" da casa, é expressa em sua cantiga:
Ogún á jó (Ogún dançará) e màrìwò (fronde da palmeira, usada como sua roupa) Ogún Akòró e màrìwò
Iwó a gba 'lé bg'ònà (ele ocupará a casa e o caminho)
Ogun á jó e màrìwò màá tú yeye (fronde da palmeira cresça)
Akóro pa lónìí ó
Pa o jàre pa léle pa
Ogún pa o jàre
Akóro - uma qualidade de Ogún
Nesta cantiga se faz referência à pa lónìí - corta hoje
Pa o jàre - corte-o, por favor
Léle - completamente
Nesta toada está se pedindo para Ogun abrir os caminhos : vai cortando, desembaraçando o caminho. Uma outra tradução, fala em matar, de quando os orixás vinham a cavalo, na guerra, e que eles brigavam.
Historicamente, teria sido o filho mais velho de Odùduà, o fundador de Ifé, usando o título de Oniré (Rei de Irê), por se apossar da cidade de Irê, matando seu rei; usava uma diadema, chamada àkòró , e isso lhe valeu ser saudado, até hoje, sob os nomes de Ogún Oniré e Ogún Aláàkòró, inclusive no Brasil, trazidos pelos descendentes dos yorubás.
Ogún é único, mas, em Irê, diz-se que ele é composto de sete partes. Ogún méjeje lóòde Iré, frase que faz alusão às sete aldeias , hoje desaparecidas, que existiriam em volta de Irê. O número sete é associado à Ogún e ele ;e representado nos lugares que lhe são consagrados, por instrumentos de ferro, em número de sete, catorze ou vinte e um, pendurados numa haste horizontal, também de ferro: lança, espada, enxada, torquês, facão, ponta de flecha e enxó, símbolos de suas atividades.
Sua cor é o azul escuro, é o primeiro a ser saudado depois que exu é "despachado" (ritual que antecede os Xirés - ocasião festiva, que as casas de candomblé, cantam para todos os orixás - que este tipo de exú, na sua forma negativa de maldoso, funcionando também como uma espécie de guardião do ritual, contra outros tipos de espíritos "não iluminados", não perturbe e não deixe, perturbarem o culto). É sempre Ogún que desfila na frente, "abrindo caminho" para os outros orixás (mais uma vez, a indicação da sua função de abrir caminhos), quando eles entram no Ilê nos dias de festa, manifestados e vestidos com suas roupas simbólicas.
Qualidades:
Onire
Alagbede
Já
Omini
Wari
Eroto ndo
Akoro Onigbe
Arquétipos:
São pessoas que nada temem, atléticos, agressivos, e de mau humor, como marido são brutos, viris e conquistadores, costumam separar e juntar, são rápidos agem sem pensar, ofende-se facilmente, são insistentes naquilo que desejam, geralmente emotivos, impacientes e brigões, arrepende-se facilmente, gostam de comer bem, e de beber, temperamento difícil, mas de muita iniciativa.
Ervas:
Mariwô =Folha de palmeira de dendê
Ìróko= Folha-de-loko
Pepé= Malmequer bravo
Teterégún= Canela-de-macaco
Monam= Parietária
Aferê =Mutamba
Piperégún =Nativo
Obô =Rama de leite
Eregê =Erva-tostão, graminha
Ibin= Folha-de-bicho
Afoman =Erva-de-passarinho
Omun= Bredo
Orin-rin= Alfavaquinha
Odun-dun =Folha-da-costa (saião)
Teté =Bredo sem espinhos
Já= Capeba
Anó-peipa= Cipó-chumbo
